quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Um papo bem engraçado!


- Com licença?
- Claro, pois não?
- Esse livro é fantástico! É o 1808 não é?
- É mesmo?? Que bom. E pelo o que eu já li, estou gostando, deve mesmo ser muito bom.
Eu tinha certeza que ela ia me perguntar que horas eram, mas ela desatou a me contar o livro, aliás, o começo, o meio e também o fim. E não nessa ordem, aos poucos ela ia falando das tantas páginas que o meu livro ainda iria me contar, mas ela o fez antes.
Eu estava tranquila, esperando a minha vez e resolvi dar uma lidinha. Então, ela chegou ... como um gatinho no frio, se sentou ao meu lado e foi falando (tudo) sobre o livro, ela começou a falar também do seu maridão, dos seus pais e de tudo, tudo o que se possa imaginar. Me contou que, seu pai era um professor pobre. E acredite: Ela tinha também, um irmão engenheiro pobre. Contou que eles trabalhavam por suas profissões e não pelo dinheiro. Me contou que, ela tinha um caderninho e que nele, anotava tudo. Ela disse tudo. Como num caminhar, um passo atrás do outro viria a pergunta sem pensar: Tudo o que? Eu a interroguei. E ela me disse: "Ora, tudo o que eu leio! Eu faço todas as minhas anotações, dos livros que leio e que não são meus, tiro as minhas conclusões, ou mesmo o que achei e o que concordo. Ou discordo." E ela ria, ria com uma simplicidade interessante, sabe?
Aos poucos ela ia fazendo citações, de Dom Pedro. Do Paulo Coelho. Da Bíblia. Tudo o que ela já tinha lido ou investigado. E era tão gozado, ela insistia em misturar todos os assuntos. Ela me disse que, tinha uma doença e que não adiantava eu perguntar qual, pois não me falaria qual. E eu nem me atrevi. Ela falou que estudou tanto, mas tanto sobre essa doença, que acredita que a conhece mais do que os próprios médicos... Diz ela que é porque a tem, que tem os sintomas, as melhoras, enfim, por isso pode lidar melhor do que todos.
Às vezes eu escutava o painel de numeração chamando, olhava para ver se era a minha vez, e com um simples toque no meu braço, ela me repreendia. Ela com os olhos, me chamava a atenção explicando que era pra eu prestar atenção nela. E a todos os momentos, ela me perguntava se estava me atrapalhando. Minha frase era simples, dava tempo apenas de eu dizer: “Não, imagine...” Aos poucos eu ia guardando e fechando meu livro e desistindo de ler, claro! Mas tudo bem, estava bem interessante aquele papo inusitado, e engraçado também.
E foi assim, que num susto, num domingo encalorado além de escutar várias citações de autores famosíssimos, descobri que Victor Hugo não era gay, era bem danado com as mulheres! Segundo uma senhora que ao menos sei o nome, mas que talvez nunca esquecerei do eu sorriso. 

João e o pé de feijão.


Se perguntarmos ao certo, quem nunca em sua infância teve contato com os contos de fada, é claro que muitos se lembrarão de experiências mágicas que essas histórias os trouxeram.
Comigo não foi diferente, e há cinco anos venho participando da infância de vários pequeninos como professora de Educação Infantil e as histórias sempre fizeram parte das minhas aulas.
Devido às leituras que tenho feito pra defender o meu TCC, li um livro chamado “A psicanálise dos contos de fadas” de Bruno Bettelhein, e por meio dele tive contato com uma história já conhecida “João e o pé de feijão”, porém eu ainda não havia trabalhado com ela em sala de aula. Tendo uma nova visão a respeito desta história e percebendo que os meus alunos se identificariam com ela, e por poder adquirir novas habilidades em diversos eixos de conhecimento, nasceu o projeto “João e o pé de feijão”, que vou partilhar as etapas com vocês agora:

 RELATO DE EXPERIÊNCIA

AMBIENTALIZAÇÃO-
Na sala de aula, aconcheguei-os perto de mim (num tapete), fiz um suspense a respeito do que iria fazer. Joguei o “pozinho do silêncio” , falei sobre a importância de partilharmos tudo o que a gente gosta, e combinei que se eles gostassem da história, deveriam passa-la a diante.
Obs: o “pozinho do silêncio” é um recurso que utilizo para que os alunos permaneçam em silêncio, durante as atividades que exigem um pouco mais de atenção por parte do alunado.


CONTAÇÃO DA HISTÓRIA 
Na contação dessa história, utilizei apenas o recurso da fala. Em seguida, fizemos uma roda de conversa sobre as atitudes do Gigante e de João, onde as atitudes do Gigante foram repudiadas.


APRESENTAÇÃO DOS FEIJÕES
Após a conversa, mostrei um “segredo”, feijões coloridos feitos de argila e pintados com tinta nas cores primárias, eles sentiram o peso , cheiraram, brincaram e construímos oralmente uma história curta, de como eu havia conseguido os feijões. 
 
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EXPERIÊNCIA DA GERMINAÇÃO
Em grupos pequenos, fizemos a experiência da germinação, no mesmo dia os alunos levaram para casa a sua experiência. O objetivo era que eles compartilhassem a história com as suas famílias. A experiência seria o “elo” para que isso acontecesse, pois eles explicariam para pais o que eles haviam vivenciado na escola. 

 


CONTAÇÃO  COMPARTILHADA
Os alunos fizeram a roda da contação, o “contador” da vez ficava em pé e contava sua parte, depois eu pedia para que passasse a palavra para outro “contador”, o próximo continuaria de ponto em que o anterior parou. Mediei muitos momentos através de perguntas, é claro que alguns contadores perderam a linha de raciocínio, porque cada um grava a parte que mais lhe interessa. Crianças tímidas quiseram contar, foi muito gratificante.



PINTURA DO DESENHO
Pesquisei um desenho na internet que traduzisse a essência do conto na perspectiva dos próprios alunos. Como eles se identificaram muito com a coragem do João, o desenho foi o momento que ele subia no pé de feijão.

CINEMINHA
Ambientalizamos a sala com cadeiras, apagamos as luzes e fizemos pipoca. Exibimos o filme “João e o pé de feijão” (curta duração). Antes de exibir o filme, expliquei sobre algumas diferenças que poderiam aparecer no filme, eles ouviram e depois de terem assistido ao filme, perceberam as diferenças.

ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO DA EXPERIÊNCIA
Durante as duas semanas em que o projeto se seguiu, os próprios pais falavam como as crianças se sentiram ao observarem o crescimento do pezinho de feijão. No dia da experiência, fizemos uma para deixarmos na classe e acompanharmos juntos o seu crescimento.

 


LEITURA DA HISTÓRIA
Agora com o livro em mãos, tivemos o momento da LEITURA da história.



DO ALGODÃO À TERRA
Plantamos a experiência da classe (o broto) na terra, e escolhemos um lugar para ela ficar. Comprometemo-nos de regá-la e acompanhar o crescimento.






É importante ressaltar que não fazemos nada sozinhos, e uma boa equipe escolar é também uma equipe vencedora.
Foi lindo ver esse projeto acontecer partindo do próprio interesse dos alunos. Vale a pena ressaltar que as atividades não foram sequenciadas uma após a outra, elas ocorreram por duas semanas distribuídas nos eixos da rotina que as crianças têm, ficando assim um projeto rico e prazeroso para ambas as partes (professores e alunos).
Professores responsáveis pelo projeto: Fabíola de Oliveira, Roseni Almeida e Silzete de Carvalho.

 
Quer ensinar e aprender? Então, LÊ VOCÊ!

Na feira de livros...


Eu tive uma experiência com livros que foi inesquecível, essa história você vai ficar impressionado!!! No meu prédio tinha uma moça que trabalhava em Editora. Ela me chamou pra uma feira de livros que ela iria organizar. Então,  ela me convidou, minha mãe deixou e eu fui. Na hora de ir para a feira, vieram algumas instruções e a única que me lembro até hoje:
MÃE: O dinheiro que estou dando a você, dá pra comprar dois livros, mas é para você comprar apenas um. Entendido?? Você entendeu, Luciene??”
A minha mãe era meio que uma ditadora, sabe?? Então, sem respirar eu disse: “Entendi sim, mãe, pode deixar”.
E lá fui eu, toda feliz para a tal feira.
Chegando lá, fiquei deslumbrada, eram mesas de livros pra lá, torres de livros pra cá...era uma coisa linda!! Realmente tudo muito bacana. A minha vizinha me olhava e ficava satisfeita comigo por lá.
Chegou a hora das vendas. O que eu iria de fato, escolher? Pensei, pensei, repensei e pensei de novo. Havia uns livrinhos, bem fininhos, muito legais, com figuras, ilustrações (das quais me lembro até hoje) que eram lindas mesmo. Não tive dúvida, comprei dois.
Cheguei em casa e mostrei. Ela me olhou. Depois ficou com o semblante diferente. Fiquei preocupada. Na verdade, preocupadíssima!! E então veio a brona mais uma nova instrução:
MÃE: Você comprou dois livros?
EU: Comprei.
MÃE: Pois bem, então você vai lê-los e decorá-los. Quando terminar, você me chama, me conta e ficamos novamente de bem. Combinado??
Eu não podia ser quer, soltar uma lagriminha, então, concordei e ainda tive de falar “combinado!”.
E foi assim, que me lembro de quase todas as duas histórias. E me lembro também de como é agradável o mundo da leitura. 

O retrato de Dorian Gray



A primeira leitura que fiz deste livro, foi no curso Intermediário do inglês e o primeiro contato com este texto não foi muito prazeroso não.
Por ser em inglês, eu me recordo que voltava à leitura dos capítulos diversas vezes e ao final dos mesmos eu sempre questionava: “Por que cargas d’água, alguém escreveria um texto tão demoníaco deste!”. Recordo também de rezar sempre depois de lê-lo porque eu o achava “carregado” demais. Não tinha a mínima noção de quem fora Oscar Wild e de como essa leitura poderia ser significativa para alguém (muito menos pra mim).Passados os trabalhos no curso  com este livro, pensei em jogá-lo fora, pois achava que nunca o leria outra vez...  

Ao final deste mesmo ano, nas minhas férias, quis iniciar uma nova leitura deste texto para ver se o lia com maior facilidade; daí comecei a comparar enquanto li  a juventude de Dorian com a minha ou com a de qualquer outro jovem que eu conhecia, exposto a todos os tipos de estímulos (bons e ruins). Individualizei-me com ele, projetei as minhas expectativas a ele.
O texto fala que antes de conhecer Lord Henry, Dorian era muito bom e ingênuo. Quando adquirimos certa maturidade, percebemos que isso acontece (exposições a diversos tipos de experiências), por meio da nossa rotina conhecemos pessoas que nos auxiliam e outras que não nos acrescentam nada de produtivo na nossa vida. Compreendi então, que eu ou qualquer um dos meus amigos, poderíamos ser suscetíveis às influências externas como Dorian foi; esta segunda leitura me ajudou a construir novas imagens  a respeito deste texto.
Mudado o meu conceito sobre o livro, no segundo ano da Faculdade de Letras, uma professora nos propôs a leitura desse conto (novamente em inglês). Como já havia adquirido uma “afeição” por Dorian e sua história, relê-lo foi prazeroso. Desta vez, tive acesso aos filmes (a versão antiga de 1945 de Albert Lewin e a atual de 2009 de Oliver Parker); já havia criado a minha imagem em relação ao Dorian Gray e a tudo que o rodeava, e as  imagens criadas pelos cineastas, me ajudaram a construir o meu novo conceito sobre Dorian Gray: um jovem bom, que foi induzido ao erro e apesar de ter se arrependido, não se achava digno de voltar atrás e construir uma nova história.
 Lembro-me de estar tão envolvida com os textos (seja escrito ou em vídeo) que me assustava com cada detalhe. Cada cena me transportava pra aquele ambiente, parecia que tudo acontecia sob a minha presença, me senti uma personagem daquela trama. Assisti no cinema, nessa mesma época, a versão nova do filme que só fez o meu fascínio pela história aumentar.
Hoje eu releio e assisto Dorian Gray por puro prazer, obtive com esta mesma leitura três níveis de significação diferentes. Poderia contar aqui, diversas outras experiências com este livro, mas tive que fazer um recorte da “nossa história” e exemplificar os meus três grandes momentos com ele.
É engraçado confessar que até hoje, quando releio ou assisto, torço para que o final seja diferente, apesar de eu saber que não será.
Minha leitura, foi proficiente em relação a este texto porque a partir de cada leitura que fazia, obtinha uma nova relação com ele e adquiria uma nova postura.
Eu recomendo esta leitura a jovens a partir dos 17 anos, pois é a fase das “influências” dos amigos e é uma idade bem madura para compreender o texto de uma forma bem bacana e, a partir dele, iniciar uma conversa sobre valores ou atingir objetivos didáticos, dependendo de qual forma o aluno for apresentado ao texto, por uma leitura de prazer ou uma tarefa escolar.
Futuramente, quero trabalhar melhor com esse texto, criar um projeto para adolescentes ou utilizá-lo nas minhas apresentações como contadora de histórias, mas antes preciso encontrar a forma de como transmitir o encantamento que eu tenho ao lê-lo, para os meus ouvintes e/ou alunos. Esse processo pode durar um pouco mais de tempo, mas a todo o momento essa história volta pra mim, como uma forma de aprendizado... Quer saber? LÊ VOCÊ!
Trailer do filme (versão de 1945):


 
 

Meu primeiro livro


Deixo aqui o meu testemunho de como consegui o meu primeiro livro!  Na verdade, eu nem me lembro de como o ganhei, mas me lembro muito bem dele!! Ah, e como lembro...  Era o famoso “O Pequeno Príncipe” de Antonie Saint Exupèry.
Foi uma alegria !!! Página por página... momento a momento... foi muito gostoso. Eu tinha uns 7 ou 8 anos se não me engano... eu me lembro também, que não entendia toda a história direito, só me lembro que era o meu primeiro livro. E tinha muito gosto de andar pra cima e pra baixo com ele. As pessoas perguntavam o que eu estava lendo e com muitas satisfação eu respondi: “O Pequeno Príncipe” e então, o papo começava... ai que delícia!! Daí em diante, pedi mais um livro pra minha mãe outro e outro... e te digo uma coisa: Até hoje adooooro ler, viu!! Viajo numa história bacana! Gosto de visualizar o que estou lendo, de fazer uma viagem na minha cabeça de tudo o que acontece... A cor de cabelo da mocinha, a altura do gatão, o gosto daquele bolo... o rostinho da criança ao ganhar aquele presente! Ai que legal! Você gosta de ler?? Conta pra mim. Qual foi seu primeiro livro?